25/01/2010

Caçada

Não conheço seu nome ou paradeiro
Adivinho seu rastro e cheiro
Vou armado de dentes e coragem
Vou morder sua carne selvagem
Varo a noite sem cochilar, aflito
Amanheço imitando o seu grito
Me aproximo rondando a sua toca
E ao me ver você me provoca
Você canta a sua agonia louca
Água me borbulha na boca
Minha presa rugindo sua raça
Pernas se debatendo e o seu fervor
Hoje é o dia da graça
Hoje é o dia da caça e do caçador
Eu me espicho no espaço feito um gato
Pra pegar você, bicho do mato
Saciar a sua avidez mestiça
Que ao me ver se encolhe e me atiça
Que num mesmo impulso me expulsa e abraça
Nossas peles grudando de suor
Hoje é o dia da graça
Hoje é o dia da caça e do caçador
De tocaia fico a espreitar a fera
Logo dou-lhe o bote certeiro
Já conheço seu dorso de gazela
Cavalo brabo montado em pêlo
Dominante, não se desembaraça
Ofegante, é dona do seu senhor
Hoje é o dia da graça
Hoje é o dia da caça e do caçador

11/01/2010

Poética – Manoel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

03/01/2010

Meu Nós


Semente de gente,eu vim.
Ramo de agarrar ao redor, eu fui.
Descresci: nua, crua,eu entorpeci dias.
Rapto,rápido: comeu-me um roedor...
Roeu,roeu, doeu, doeu...
Restou dor.
Eu: resto. Eles? Dó.
Sou como nó, como noz.
Sou como nós!?

01/01/2010

CRIATÓRIO DE CRIATURAS: Amanda descobre o que é AMANDLA

CRIATÓRIO DE CRIATURAS: Amanda descobre o que é AMANDLA

Amanda descobre o que é AMANDLA

am3Amandla é uma palavra Xosa e Zulu que significa "poder". A palavra era um clamor popular dos dias de resistência contra  o Apartheid, era utilizada pelo Congresso Nacional Africano e seus aliados.
O líder de um grupo gritava "Amandla!" E a multidão respondia com "Awethu" ou "Ngawethu!"  ( que quer dizer-Para nós), completando a versão sul-Africano do grito de guerra Power to the People! A palavra ainda é associada com as lutas contra a opressão.
Mandla, que é derivada de "Amandla", também é comum nome em África do Sul. É também o nome de uma ONG esquerdista, que publica uma revista com o mesmo nome.

Uso atual na África do Sul

Depois que o apartheid acabou, as pessoas começaram a usar o grito de guerra "Amandla" para expressar suas queixas contra as políticas do governo atual, incluindo as do ANC. Os Sindicatos ainda a usam durante as suas reuniões de massa e protestos.
A utilização do termo cresceu em  popularidade durante os recentes protestos e entre os movimentos da população pobre. Independente da África do Sul movimentos sociais como Abahlali baseMjondolo e Campanha Anti-Despejo usam "Amandla Ngawethu!" durante os seus atos anti-governo e protestos anti-partido político..
O canto é frequentemente utilizado pelos movimentos populares como uma forma de começar e, ou, terminar um discurso, também  utiliza-se Amandla para acalmar uma multidão quando um alto-falante tem algo importante a dizer.
O Campanha Anti-Despejo  também utiliza a frase "Poder para as pessoas pobres", como uma variação de "Amandla Ngawethu" e "Power to the People" para indicar a necessidade de organizar movimentos de pessoas pobres para  que estas possam controlar  a administração governamental e retirar o poder da mão de pequenas elites.