Correnteza
Silêncio...
Silencio.
Sentencia
correntezas em mim, corre sem sentença meu corpo.
Louco, rouco,
afoito, delicado...
Me inspira, te
engulo em um só gole.
Silêncio... Silencio.
Sentencia inícios
em mim, corre sem licença meu desejo.
Saboreia cada
curva, canto, sulco...
Me arrepia, te
sugo em um só trago .
Silêncio...Silencio.
Sentencia prazeres
em mim, corre sem consciência meus perigos.
Inocente, culpado,
amante, amado...
Me tortura, te
juro em um só gesto.
Silêncio... Silencio.
Sentencia estradas
em mim, corre sem medo meus medos.
Invade cada
espera, ilusão, fantasia...
Me reconhece, te
concedo em um só beijo.
Silêncio... Confesso.
Sentencio
afastamentos em nós, corro sem jeito meus desesperos.
Estranho, cruel,
distante, fel...
Me assusta,
nos afasta em um só golpe.
Silêncio... Rua.
Sentenciam-se realidades,
corre-couraça nosso querer.
Tento desfazer-me de
ti, de nós, dos nós...
Me entrego, te
quero em um só sentimento: ardente, mesquinho, sincero, infantil, tímido,
descarado, precoce, antigo, afoito, descuidado, gritante, calado...
Silêncio... Escrevo.
Sentencia-se a
entrega em mim, corre corajosa minha escolha.
Criança, mulher.
Doida, escondida, medrosa, ardida, doce, receosa, dada... Dada...
Me abro, me
declaro só a te olhar.
Silêncio... Sussurro.
Sem tenência deito
à cama, corre- febre meu despudor.
Te concedo a
razão, me concedo a escolha ...e te obrigo à ela.
Ordeno-te nosso
‘nosso’...
Obedece e me
ensina a liberdade?
Silêncio... Palavra.
Sem clemência cedo
ao tempo. Corro a sina – de hoje-, esqueço o futuro... Rio do passado
(‘desnavego’).
Me permito ser
vento, ser teu acalento- teu aconchego... Dar o meu corpo sedento- minha cedente
boca, minhas curvas nuas-cruas... Fazer de meus lábios toca à ti.
Te tento, me
tentas, nos tentamos?
Amanda