13/11/2011

meu cabelo não é liso

meu cabelo não é liso, nem enrolado
tá assim ao meio...
meio despudorado.
gravo tempos errantes;
vivo de ecos...
moro em casas sem teto e, de manhã, sinto gosto de barro na língua...
entristeço quando a lua mingua. e sou bochecha quando cheia...
vivo de marés...
sou como és.

19/08/2011

Hipo-Burgo Jeito de Ser


Fivelas, lacinhos e saltos

 Brilhinho labial, perfume floral: chapinha é essencial.
 Flores e peças caras pelas inúmeras salas.
 Aroma sempre agradável, living espetacular, limpeza impecável: mantenha a faxineira em seu lugar.
Suntuosos jantares, sorrisos estratégicos e olhares falsos.
Roupas da última passarela, porcelana de invejar, destaque para a carésima aquarela: coma pouco para não engordar (e cuidado com o que vai comentar).
Dormitórios colossais, sapateiras planejadas e banheiras abissais.
Pijamas iguais para o casal, não demore a engravidar: o nenê faz parte do enxoval.
Carro importado, todo ano trocado, mais cinco veículos na garagem: não vacile, automóvel é tudo em vossa imagem.
Tratamentos infinitos: boca, seio, bunda, pelo e, claro, o cabelo. Nunca ouse muito no visual: opte sempre pelo modelo do normal.
Festas familiares, ar de felicidade plena, salto alto e ombros pra trás: quando em público não se esqueça de manter o ‘cartaz’.
Baby-dolls, cintas-ligas, calcinhas fio dental- tudo de oncinha: garanta que o maridão não vá comer na vizinha.
Traições, maledicências, subterfúgios e fofocas cruéis: não banque a boazinha, faça tudo com maldade; mas não se esqueça, ao fim do ano, cumpra com a caridade.
Vexames, escândalos e ‘barracos’: se não for contigo finja nem perceber, se for com um amigo trate de, dele, se desfazer, se estiver no meio da cena trate de arranjar uma desculpa qualquer e desapareça antes do amanhecer (tempo suficiente para que, do ocorrido, todos possam esquecer).
Vida de burguês, conduta da classe A, trejeitos da alta sociedade: você conhece as regras, independente do que sente mantenha a aceita identidade.
Pouco interessa quem é. À classe interessa apenas que, aja sempre com o porte: comporte-se
Ansiedades, lágrimas e desejos; ou o simples sonhar: esconda...Engula! 
Em teu 'privilegiado' mundinho, os sentimentos não tem lugar!

23/04/2011

ESTAMOS FU…

Pensei estar ficando paranóica demais ao supor que a introdução midiática do conceito de bullying, o caso Wellington e a recente disseminação (estratégica) de uma 'Difamação de Religiões' muçulmanas ligadas às recentes publicações que insinuam a existência do TERRORISMO no Brasil, faziam parte de um elaborado esquema político de moralização e domínio da consciência coletiva social brasileira ...
Que pena parece que não há nada de insano em minha especulativa 'cabeça'.
FICO COM o comentário de um amigo: "projetinho de USA" - como o que mais se aproxima do que penso sobre o caso do Rio que, para mim, foi encorajado pela mídia brasileira  e  seu repentista  marketing  do bullying  desde novembro de 2010.
E, TEMO MUITO o comentário de outra figura que declara: " queremos um país que só funciona com rédeas curtas e olhe lá..."  – certamente responde ao fato como deseja o poder legalizando o controle e a vigilância disfarçando-os de um falso e estratégico moralismo.
Um exemplo desta ‘catástrofe’ é o processo contemporâneo (evidente no governo paulista atual) em que, as políticas baseiam-se no processo de tornar os moralistas o próprio moralismo que, esvaziado de seu conteúdo e fundamentação, aplica-se à própria idéia de moral que, por sua vez, pode ser preenchida com a adesão imediata à atitudes e açoes relativas  ao conteúdo que a mídia e o ‘poder’ divulgam.
.A moral é, portanto, moralista; ainda mais:
É acrítica, porém julga; é cega, porém vigia; é ajustável, porém controla; é garantia da saúde e dos bons costumes, porém divide  e pune.
  A propagação desta ‘oca’ moral (moralismo) afirma protocolarmente  o modelo da vida coletiva para os que  ao  COLETIVO pertencem. Sem definição, a MORAL é qualquer coisa que deva ser propagada na dialética indivíduo-coletivo.
Extinta a possibilifafe crítica, esvaziada a consciência e o respeito à diversidade do outro  e submissa às informações e formações emitidas pela mídia e pelo poder governante…                           
A CONSCIÊNCIA COLETIVA É A ARMA CONTEMPORÂNEA!

LInks :
http://www.nerdssomosnozes.com/2011/04/wikileaks-governo-americano-esta.html


23/03/2011

Poesia “Bocó” sobre o Amor


O amor é torto,
diferente em cada peito,
vem de qualquer jeito...
Invade, rasga, domina.
O amor contamina.
Não tem cura, nem vacina.
Arrebata, arrepia, arrepende...
É fenda, fissura.
Fresta de luz, luz de festa.
O amor é alergia,
Afaga a pele: como dor, como alegria.
O corpo quer...
Deseja.
A boca xinga, berra...
Depois beija.
A língua dança, se enrola...
Saliva.
O amor é agua na boca...
Apetite.
È coisa louca.
Rima chavão,,,
 Achar-se pavão e,
de mão dada,
desfilar na calçada.
O amor é nó na garganta,
é sem garantia...
Salto no escuro.
É vencer a covardia.
É absurda entrega absoluta.
Fingir calma quando rasga-se a alma
É aconchegar-se no peito,
dividir o leito,
acordar com medo.
É saber que te esperam...
Desespero.
O amor é mar bravio...
Falta...
Vazio.
É tecer a rede,
deitar na rede,
pescar com a rede.
É falar com a parede.
É desafio...
Desatino...
O amor é querer mandar no destino.
É não saber e,
ainda assim, crer.
É sofrimento e,
mesmo sabendo, crer.
O amor é escolher ter
e enfrentar o medo de perder.
É constante agonia.
É entrar numa fria.
Amor é cometer engano
e aprender o difícil perdão.
É fazer planos.
É o encontro com o não.
Amor é viver cantando.
É  o inevitável acabar chorando.
Amor é ter fé.
É imenso oceano.
É nadar onde não dá pé.
O amor não é...
Vai sendo...
a cada dia, todo dia.
Amor é seguir amando...

22/01/2011

AQUI

 

Fivelas, lacinhos e saltos. Brilhinhos nos olhos, perfume floral, cremes espantosos: chapinha é essencial.

Livings, salas e lavabos. Aromas agradáveis, uma fonte para enfeitar, detalhes impecáveis: mantenha a faxineira em seu lugar.

Jantares, festas e o chá. Mesas inimagináveis, porcelana de invejar, receitas admiráveis: coma pouco para não engordar (e cuidado com o que vai comentar).

Closets, sapateiras e espelhos. Dormitórios colossais, pijama igual para o casal, banheiros fenomenais: o nenê faz parte do enxoval.

Ansiedades, lágrimas e desejos. Sorrisos estratégicos, falsidade no olhar, pensamentos ‘maquiavélicos’: engula! Os sentimentos, aqui, não tem lugar!