07/09/2008

Asas


Hoje é ainda mais cedo que ontem
e já estou me desfazendo.

Quero me por em casulo
e só lembrar de mim
quando tiver asas.

Meus discursos
díspares
me envenenam.

Construo esse labirinto,
perder-me,
minha ameaça,
meu álibi.

O oco de mim
ecoa em silêncio,
não me abala.

Devo sair,
enfrentar o dia,
o faço mecanicamente.

Sou máquina
de andar,
de falar,
de sorrir.

Sou de mecanismos,
de engrenagens.
Produzo comportamentos aceitáveis.

Sou, na verdade,
invisível para todos.
Sempre fui, mas agora dói mais.

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